II Simpósio Brasileiro de Recursos Naturais do Semiárido – SBRNS “Convivência com o Semiárido: Certezas e Incertezas” Quixadá - Ceará, Brasil 27 a 29 de maio de 2015 doi: 10.18068/IISBRNS2015.teisa272

ISSN: 2359–2028

CRESCIMENTO DE MUDAS DE CAJUEIRO EM CAMPO Arthur Santos Magalhães1; Marília Graziela Dantas Moura1;Mônica Costa Cordeiro1; Alan Cauê de Holanda2; Allyson Rocha Alves2 1

Acadêmicos do curso Engenharia Florestal da Universidade Federal Rural do Semi Árido. Av. Francisco Mota, 572 - Bairro Costa e Silva, Mossoró RN, CEP: 59.625-900 2 Docentes Doutores do curso Engenharia Florestal da Universidade Federal Rural do Semi Árido

RESUMO: O cajueiro apresenta relevante importância econômica para a região Nordeste, principalmente para os estados de Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, principais exportadores de castanha. Este trabalho teve como objetivo avaliar o crescimento de mudas de cajueiro em campo, utilizando o hidrogel e palha de carnaúba como condicionadores de solo. Para avaliação do experimento foram analisadas as variáveis altura total e diâmetro do coleto das mudas. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com 10 repetições, onde as médias encontradas nos tratamentos foram comparadas através do teste de Tukey, a 5% de probabilidade. O hidrogel não apresentou desempenho superior aos demais tratamentos, sendo inclusive igual estatisticamente à testemunha, no entanto, o tratamento com palha e hidrogel apresentou as maiores taxas de crescimento. Concluiu-se que não houve efeito significativo na aplicação de palha de carnaúba, hidrogel, ou a junção de palha e hidrogel, para as variáveis altura de plantas e diâmetro do coleto, durante o período avaliado. PALAVRAS–CHAVE: Anacardium occidentale, pós-plantio, silvicultura.

GROWTH OF CASHEW SEEDLINGS IN GRASSLAND ABSTRACT: The cashew presents significant economic importance for the Northeast region, mainly in the states of Ceará, Piauí and Rio Grande do Norte, main nut exporters. This study aimed to evaluate the growth of cashew seedlings in the field using the hydrogel and carnauba straw as soil conditioners. For the evaluation of the experiment were analyzed the variables total height and root collar diameter of seedlings. The experimental design was completely randomized, where the averages found in the treatments were compared using the Tukey test at 5% probability. The hydrogel showed no better performance to other treatments, being also statistically equal to the control, however, the hydrogel with carnauba straw treatment presented the highest growth rates. Conclude that there is no significant effect on carnauba straw application, hydrogel or hydrogel joint with straw for the variables height and root collar diameter, during evaluated period, however, hydrogel with carnauba straw treatment, during evaluation period, however, hydrogel with carnauba straw treatment promoted higher relative growth of the seedlings. KEYWORDS: Anacardium occidentale, after planting, silviculture.

Tecnologia de irrigação para o semiárido

INTRODUÇÃO A cultura do caju é tradicionalmente realizada por países como Índia, Brasil, Moçambique, Tanzânia e Quênia, sendo os dois primeiros os principais exportadores com participação de 63,85% e 29,97% do volume total no mercado internacional, respectivamente (MENDONÇA; MEDEIROS, 2011). O caju fornece a amêndoa, parte comestível da castanha, e o pedúnculo, rico em vitamina C, que pode ser consumido “in natura” ou processado. Dentre os principais produtos e subprodutos, Silva (2009) destaca a castanha pelo valor econômico que sua amêndoa, a castanha beneficiada, desempenha no mercado internacional de nozes. Em nível de Brasil, os principais estados produtores e exportadores são Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí. Aproximadamente 90% das amêndoas produzidas no país são para o mercado externo e seus compradores compreendem aos Estados Unidos, Canadá e Holanda que adquiriram em 2008 cerca de 21,8 mil, 2,27 mil e 1,77 mil toneladas, respectivamente (FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL, 2010). Essa produção pode ser aumentada pelo uso de irrigação, feita apenas como forma de complementar o regime pluviométrico das regiões produtoras (OLIVEIRA et al., 1998). Para a cultura do cajueiro anão precoce, Crisóstomo et al. (2001) e Oliveira (2002) indicam a microirrigação. Oliveira et al. (1998) ao realizarem estudo sobre o comportamento produtivo de três clones comerciais de cajueiro anão precoce (CCP 09, CCP 76 e CCP 1001) sob irrigação, concluíram que os clones apresentaram incremento de produção e aumento do período de colheita, quando comparados com o cultivo sob sequeiro. Unida à irrigação, é comum a utilização de bagana da carnaúba e hidrogel em outras culturas como condicionadores do solo. Segundo a Câmara Setorial da Carnaúba (2009), a bagana de carnaúba é utilizada para a redução da variação da temperatura do solo e manutenção da umidade, além de diminuir a ocorrência de plantas daninhas na área coberta, reduzir a mortalidade de plantas jovens e para o fornecimento de nitrogênio. Por sua vez, o emprego de hidrogeis é realizado visando à minimização de problemas relacionados ao deficit hídrico e melhoria nos atributos físicos no pós-plantio. Este trabalho objetivou avaliar o crescimento de mudas de cajueiro em campo, utilizando o hidrogel e palha de carnaúba como condicionadores de solo. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi realizada no município de Severiano Melo – RN, localizado na mesorregião Oeste Potiguar. O município apresenta clima muito quente e semiárido, com

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precipitação anual de 677,9 mm, solos arenosos de baixa a média fertilidade e potencial para produção de caju e outras culturas (BELTRÃO et al., 2005). As mudas de Cajueiro foram plantadas no espaçamento 9 m x 9 m em formato quincôncio. Foram analisados quatro tratamentos com 10 repetições cada, sendo estes: palha da carnaúba (4 litros por cova), hidrogel (1 litro por cova), palha da carnaúba com hidrogel (4 e 1 litro respectivamente) e testemunha (sem nenhum condicionador). Na instalação do experimento adicionou-se 4 litros de água por cova, sendo esta mesma operação realizada para todos os tratamentos em intervalos de 45 dias. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado. Durante o período de Agosto a Dezembro de 2014 foram realizadas mensalmente medições de altura (cm) e diâmetro (cm) das 40 plantas com o uso de um paquímetro e trena. As médias dos tratamentos foram comparadas através do teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados sobre o crescimento do cajueiro em função dos tratamentos avaliados podem ser vistos na Tabela 1. Tabela 1. Altura da muda (cm) e diâmetro do coleto (cm) em função dos tratamentos analisados Características Tratamentos Altura Diâmetro Testemunha 39,83 a 1,52 a Palha de carnaúba 31,28 a 1,30 a Hidrogel 35,52 a 1,33 a Palha + hidrogel 34,59 a 1,56 a *Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância.

O hidrogel não apresentou desempenho superior aos demais tratamentos no período avaliado, sendo inclusive igual estatisticamente a testemunha, provavelmente pela falta de chuvas na época das avaliações, uma vez que não foi possível a recarga do hidrogel. Dranski et al. (2013) observou em mudas de pinhão manso (Jatropha curcas), a inexistência de efeitos negativos no crescimento pós-plantio com uso de hidrogel. As taxas de crescimento em altura e diâmetro do coleto podem ser vistas na figura 1. Percebe-se que o tratamento com palha da carnaúba e hidrogel apresentou os maiores valores, tanto para altura, quanto para diâmetro do coleto, indicando que esse tratamento promove o maior crescimento das mudas. A palha da carnaúba, mesmo não apresentando diferença estatística com relação aos outros tratamentos, promoveu as maiores taxas de crescimento quando unida ao hidrogel.

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Efeitos de maior rendimento em produtividade já foram evidenciados para o Coriandrum sativum (LINHARES et al., 2014) e Beta vulgaris L. (LINHARES et al., 2012) no uso da palha incorporada ao solo, o que revela o potencial da mesma e a importância de mais testes com espécies arbóreas.

Figura 1. Taxa de crescimento das mudas de cajueiro em função dos tratamentos, no município de Severiano Melo - RN

CONCLUSÕES Conclui-se que não houve efeito significativo na aplicação de palha de carnaúba, hidrogel, ou a junção de palha e hidrogel, para a variável altura e diâmetro do coleto das mudas, durante o período de avaliação. Entretanto, acredita-se que, ao diminuir o intervalo no período de irrigação (inferior a 45 dias), os condicionadores poderão apresentar uma maior eficiência, contribuindo para um aumento no crescimento em altura e diâmetro do coleto das plantas.

REFERÊNCIAS BELTRÃO, B. A.; ROCHA, D. E. G. A. da; MASCARENHAS, J. de C.; SOUZA JÚNIOR, L. C. de; PIRES, S. de T. M.; CARVALHO, V. G. D. de. (org.). Diagnóstico do município de Severiano Melo. 1. ed. Recife: CPRM, 2005. 11p. Disponível em: Acesso em: 02 de fev. de 2015.

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CÂMARA SETORIAL DA CARNAÚBA. A carnaúba: preservação e sustentabilidade. Fortaleza: Câmara Setorial da Carnaúba, 2009. 40p. CRISÓSTOMO, L. A.; SANTOS, F. J. de S.; OLIVEIRA, V. H. de.; RAIJI, B. van.; BERNARDI, A. C. de C.; SILVA, C. A.; SOARES, I. Cultivo do cajueiro anão precoce: aspectos fitotécnicos com ênfase na adubação e na irrigação. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2001. 19 p. Disponível em: . Acesso em: 23 set. 2014. DRANSKI, J. A. L; PINTO JUNIOR, A. S; CAMPAGNOLO, M. A; MALAVASI, U. C; MALAVASI, M. M. Sobrevivência e crescimento do pinhão-manso em função do método de aplicação e formulações de hidrogel. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.17, n.5, p.537–542, 2013. Disponível em: . Acesso em: 23 set. 2014. FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL. Desenvolvimento regional sustentável: Fruticultura caju. Brasília: Fundação Banco do Brasil, 2010. v. 4. 42p. Disponível em . Acesso em: 25 set. 2014. LINHARES, P. C. F; SOUSA, A. J. P; PEREIRA, M. F. S; ALVES, R. F; MARACAJÁ, P. B. Beterraba fertilizada sob diferentes doses de palha de carnaúba incorporada ao solo. Agropecuária Científica no Semiárido, v. 8, n. 4, p.71-76, 2012. Disponível em: . Acesso em: 03 fev. 2015. LINHARES, P. C. F; OLIVEIRA, J. D. de; PEREIRA, M. F. S; FERNANDES, J. P. P; DANTAS, R. P. Espaçamento para a cultura do coentro adubado com palha de carnaúba nas condições de Mossoró-RN. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, v. 9, n. 3, p.1-6, 2014. Disponível em: . Acesso em: 03 fev. 2015. MENDONÇA, V.; MEDEIROS, L. F. Cultura do cajueiro, do coqueiro e do mamoeiro. 2011. 30p. Disponível em: . Acesso em: 22 set. 2014. OLIVEIRA, V. H. de (Ed.). Cultivo do cajueiro anão precoce. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2002. 40p. Disponível em: . Acesso em: 23 set. 2014. OLIVEIRA, V. H. de.; CRISÓSTOMO, L. A.; MIRANDA, F. R. de.; ALMEIDA, J. H. S. Produtividade de clones comerciais de cajueiro anão precoce (Anacardium occidentale L.) irrigados no município de Mossoró – RN. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 1998. 5p. Disponível em: . Acesso em: 23 set. 2014. SANTOS-SEREJO, J. A; DANTAS, J. L. L; SAMPAIO, C. V; COELHO, Y. da S. Caju. In: SANTOSSEREJO, J. A; DANTAS, J. L. L; SAMPAIO, C. V; COELHO, Y. da S. Fruticultura Tropical: espécies regionais e exóticas. Brasília, DF: Embrapa, 2009, p.109129.

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